2017 começou. No Brasil, banhado em sangue. Tanto de inocentes, como no caso de Campinas, quanto de criminosos, nos presídios de Manaus e Roraima. Sei que muitos pensam ter sido até bom, porque são bandidos mesmo. Mas não se pode negar a falência das nossas instituições. Barbárie acontece todos os dias, diante dos nossos olhos, já cegos para essa violência toda. Só nos indignamos quando “um de nós” é a vítima, e aí, pedimos a pena de morte. Esse embrutecimento todo nasce da total distorção em que vivemos, onde poucos detêm quase tudo. Passou da hora de esperarmos tudo do Estado e partimos para a solução final: organizar grupos de investidores por região e investir pesado em educação, as chamadas charter schools, que nada mais é do que a gestão compartilhada das escolas entre as prefeituras e a sociedade privada.
Sei que pagamos altíssimos impostos para nenhum retorno, afinal, quem tem condições, paga escola particular, plano de saúde e previdência privada. Ou seja… Mas se pensarmos no longo prazo, essa é a única saída. Não há como fugir da educação. E como não dá pra esperar nada dessa gente eleita, temos que agir nós mesmos.
Imagine se um grupo de empresários, em uma determinada cidade, como Taubaté, por exemplo, assumisse o controle, junto com os pais dos alunos, de uma determinada escola, e essa passasse a ser gerida de forma profissional, com o dinheiro público, porém, somado a um valor mensal de investimento advindo desses investidores para a infraestrutura, como quadras de esporte, computadores, instrumentos musicais, qualificação dos professores, etc. Uma escola em período integral, onde os alunos pudessem passar o dia estudando e desenvolvendo seus talentos, longe das ruas. Tenho certeza que, em vinte anos, teríamos profissionais capacitados, prontos para servir a outros fins que não a violência.
Agora imagina isso potencializado na maior parte das cidades brasileiras! Tenho convicção que, em condições estáveis, com boa alimentação e práticas intelectuais e esportivas, apenas os distorcidos por natureza trilhariam o caminho do crime, afinal, é da natureza humana o caráter. Mas tenho certeza que vários desses criminosos são levados à bandidagem por absoluta falta de perspectiva de uma vida melhor. Quanto maior o grau de cultura, menor o grau de violência numa sociedade.
E essa atitude não serve apenas para efeito de índice de criminalidade, serve para darmos oportunidades, senão iguais, similares às que damos aos que têm condições melhores de vida. Não são cotas em Universidades que garantirão um futuro melhor a quem precisa. Eu, particularmente, acho ultrajante, fruto do preconceito velado que trazemos em nossa sociedade. O que eles precisam é de condições dignas desde crianças. É nelas que está o nosso futuro. Tanto pro bem quanto pro mal. A escolha é nossa.
Por: Paulo Franco – diretor da Franco Consultoria de Imóveis