A cena de Garotinho sendo transferido para Bangu foi digna de comédia. Os gritos, o choro da filha, o bater de pernas, o desespero… Pura chanchada! Mas a reflexão que vem é: qual o valor do dinheiro e do poder?
Buscamos todos um lugar ao Sol numa vida sem garantias e dura, repleta de obstáculos e frustrações, reflexo da natureza que criou tudo, que não liga pra ninguém e que não aceita desculpas. Age, imperiosa, destemida, sem tréguas, pronta para extinguir àqueles que não se adaptarem a ela. Esquecemos, muitas vezes, que somos filhos dessa criação. Pensamos estar acima de suas leis. Só que ela não está nem aí para o que você pensa ou deixa de pensar. Continua ali, firme em seu propósito.
A evolução fez da nossa capacidade cognitiva a arma para a dominação, porém, nada mudou em nossos sentidos desde as cavernas. Continuamos a precisar dos mais fortes e dos mais inteligentes. Os inteligentes, foras de série mesmo, foram os responsáveis pelas facilidades que temos hoje. E os mais fortes são os caras que têm grana. Dinheiro é a força da nossa era. É o caçador que traz a carne, que domina o bando. Se nas cavernas o propósito para a dominação dos mais fortes era a sobrevivência e a descendência, hoje é o dinheiro.
Dessa forma, a ganância passou a ser um propósito de vida. O dinheiro acima de tudo. O poder que inebria e fascina. Que traz “respeito”. Que faz “amigos”. Que abre portas.
Só que esse propósito traz um risco muito alto: quando você faz tudo por dinheiro, você faz qualquer coisa. E é nesse pântano, repleto de gente má, vil, inescrupulosa, cujos valores são baseados em corrupção e oportunidades desleais, que você vai viver a sua vida. E a vida não perdoa. Cobra o seu preço. E cobra alto.
Olhando para aquela imagem de Garotinho esperneando, não há garrafas de Romanée Conti que faça valer à pena. Não há festas, carros, joias, jatos, relógios que paguem uma humilhação desse tamanho. Dinheiro é consequência, não um propósito…
Por: Paulo Franco – diretor da Franco Consultoria de Imóveis