O desafio da Liderança

O desafio da Liderança

Desde os tempos mais remotos a humanidade lida com o poder do líder. Se nas cavernas o poder era o do mais forte, que acasalava com as fêmeas e espalhava seus descendentes para a tribo, algo instintivo e primário, hoje se traduz em vários aspectos, dependendo do ramo de atuação.

Deixando de lado líderes políticos, sindicais, religiosos e militares, quero refletir sobre o líder empresarial, essa figura que vive entre dois mundos: o do sonho e o da realidade.

Empreender no Brasil é um desafio para poucos. As regras mudam de repente, o contexto muda a todo instante, a corrupção é generalizada e o nível cultural da maioria é sofrível. Falta ensino de qualidade para todos e sobra má educação. Muitos acreditam na máxima “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Melhor atitude para acabar com a criatividade de uma equipe!

Despertar um propósito comum é o desafio supremo da liderança. Um líder servidor é o que consegue, através do exemplo, inspirar a todos ao seu redor a trabalhar na voltagem máxima, enfrentando desafios com presteza e atenção, superando barreiras que parecem ser intransponíveis, levantando os que estão pra baixo e instigando os que estão por cima a serem ainda melhores, usando mais o ouvido do que a boca porque, muitas das respostas não veem dos diretores, gerentes, superintendentes, mas sim dos colaboradores que estão lá no front, todos os dias, nas linhas de produção, no contato direto com os clientes, nas ruas.

Participei de uma reunião uma vez em que, ao receber uma sugestão de ação para um determinado lançamento imobiliário, o dito “diretor de marketing” da incorporadora em questão respondeu assim dizendo “não tenho nada a aprender, apenas a ensinar”, levantando-se em seguida da mesa de reunião. Não preciso dizer que, passados 04 anos, ainda existem unidades disponíveis para venda neste empreendimento…

Quando dizem “dê poder ao homem e conheça quem ele é” estamos falando de caráter e conjunto de valores que essa pessoa carrega consigo. Se os valores do líder não forem virtuosos, os liderados sofrerão o que chamamos de “cotidiano”. Desânimo, apatia, falta de comprometimento e de inspiração. Ou seja, a máxima do ex jogador Vampeta sobre o time que ele jogava: “eles fingem que me pagam e eu finjo que eu jogo…”.

Agora, por outro lado, se o líder carrega valores virtuosos, encontrará no exercício da liderança, não a possibilidade de poder mandar, mas sim a de fazer com que cada membro do time entenda claramente o que se espera dele, e quais dos talentos que ele possui podem ser úteis para o propósito da equipe. Insisto em falar de propósito porque, no senso comum, quase sempre, atrelamos trabalho com dinheiro. Mas se você for pensar bem, verá que o dinheiro é sempre consequência de um propósito maior, uma recompensa por uma excelência. E a excelência vem de três fontes muito claras: predisposição mental, conhecimento e vocação. Ou alguém acha que o que motivou Steve Jobs a fazer o que fez em vida foi o simples “ganhar dinheiro”? Ganhar dinheiro você pode ganhar de qualquer jeito, quando esse é o seu propósito na vida. Daí a corrupção.

Das três fontes citadas, a única em que o líder pode fazer alguma coisa é na predisposição mental, porque, se a vocação, que é a soma das suas inteligências, talentos e dons, é inata, o conhecimento pressupõe uma predisposição mental em adquiri-lo. E é exatamente aqui que as coisas mudam. É nessa esfera que o líder atua, despertando desejos, mostrando caminhos, propondo desafios… Não acredito que não possamos mudar. Não acredito no “pau que nasce torto morre torto”. Morrerei aprendendo e me desafiando. Apanharei de muitos e da vida, por acreditar nisso. Mas tenho a certeza também que poderei fazer a diferença na vida de algumas pessoas. E por elas, eu me dedico.

Por: Paulo Franco – diretor da Franco Consultoria de Imóveis

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